O meu Avô do Sabugo, ( Joaquim "Serra" ) deu-me a conhecer a sua Adega muito jovem. Na altura não tinha o entendimento de que naquele espaço, um quarto sem janelas a cheirar a uvas e a vinho, se fazia, aquilo que o meu avô chamava de água de lavar os pés depois de pisar uvas, vulgo àgua-pé. Isto por altura de Outubro/Novembro todos os anos. A minha avó Joaquina ficava a preparar o almoço ao lume da lenha enquanto os meus tios e alguns amigos pisavam a uva depois de a terem trazido em cestos para o tanque. Depois, vinha a elaboração do MOSTO, que era um processo todo artesanal e de muita paciência e dedicação. As moscas, as abelhas e outos tipos de insectos aportavam por ali aos enxames até ao lavar do Tanque. Tanque esse que foram poucas as vezes que o mesmo serviu para outra finalidade, como por exemplo tomar banho na época do verão. Depois as provas eram diárias até chegar o dia de engarrafar o vinho. As rolhas de cortiça eram colocadas em água até ficar a ferver; as garrafas e garrafões de 5 litros já lavados prontos a encher e a Máquina manual de engarrafar pronta, muitas vezes nova a usar. Engarrafado o vinho, voltava para aquele quarto mais fresco e sem janelas que todos lhe chamavam ADEGA. Depois, claro, já na Adega não podia faltar o saca-rolhas e uma certa habilidade para fazer a rolha cantar. Bebia-se o primeiro vinho estávamos por altura do S. Martinho.
Para o poeta e dramaturgoAnton Tchekhov " O vinho e a música sempre foram para mim um magnífico saca-rolhas".
Talvez tenha sido na Adega que a Musica veio pela primeira vez, dar ambiente, espírito e alma ao lugar. E esse lugar onde o vinho é criado, armazenado em garrafas, garrafões, barris ou em barricas, seja um lugar tão especial numa Casa Portuguesa, onde há sempre vinho e pão sobre a mesa.
Em Sintra, uma das mais antigas regiões demarcadas de Portugal - Colares, tem a Adega Regional de Colares, Fundada em 1931. Esta Adega é a cooperativa mais antiga do país, que produz vinhos de qualidade na exclusiva Região Demarcada de Colares.
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